Sociedade de Porcelanas de Coimbra

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Esta fábrica de que vos vou falar hoje teve uma grande importância a nível nacional no que respeita à área da cerâmica.

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Um pouco de história sobre a sua importância e a sua ligação a uma marca que ainda hoje é um nome sonante do tipo de produtos que era ali produzido, a Vista Alegre.

A Sociedade de Porcelanas de Coimbra (S. P.) terá surgido nos anos 1930(?) tentando encontrar um espaço entre a Vista Alegre (1824) e a Empresa Electro-cerâmica (1919) que dominavam, naquela altura, o mercado interno da porcelana.
A SP teve sucesso na loiça utilitária (serviços de jantar e de chá) quer junto das empresas – hoteleira e de restauração -, quer a nível dos consumidores particulares. Produziu ainda alguma porcelana artística aproveitando os poucos pintores que conseguiu repescar nas outras fábricas já existentes.
O sucesso da porcelana em Portugal, especialmente a partir da II Guerra Mundial, tem a ver, por um lado, com o desenvolvimento industrial, e, por outro lado, com o forte aumento do consumo que se foi verificando no Ocidente. O desenvolvimento industrial traduziu-se numa melhoria dos equipamentos e das técnicas de “impressão” dos desenhos na pasta. O aumento do consumo teve a ver com a melhoria das condições de vida das populações. As empresas portuguesas do ramo, especialmente a Vista Alegre, incrementam a sua vocação exportadora.
A porcelana foi sempre melhor que a faiança: mais limpa, mais duradoira, mais bonita. Tinha um senão: era demasiado cara e, por isso, pouco acessível a todos. A partir dos anos 1960´s os preços aproximaram-se mais e o mercado começou a pender para o lado da porcelana. A Fábrica de Loiças de Sacavém, que dominou toda a primeira metade do século XX em Portugal, poderia agora ter os dias contados.
A Vista Alegre apercebeu-se da evolução do consumidor e do perigo que as duas empresas referidas poderiam representar a nível interno. Comprou a Empresa Electro-cerâmica nos anos 1940´s – 1945 (?) – e a Sociedade de Porcelanas nos anos 1950´s praticamente com a intenção de as encerrar. Trabalharam durante algum tempo na indústria cerâmica e foram reconvertidas. Logo após ser adquirida, a Sociedade de Porcelanas ainda produziu produtos para a exportação com dois carimbos, o seu e o da Vista Alegre.
Este serviço de chá será do período anterior à entrada da Vista Alegre no capital da SP.

Texto retirado daqui.
 

Segundo notícia do JN, a SP encerrou a suas portas definitivamente a 12-12-2005 e assim está até aos dias de hoje, restando apenas algumas peças ainda para lembrar os tempos áureos da produção em massa e servindo sobretudo como abrigo para desalojados, toxicodependentes e outros casos de vida que por ali coabitam.

Esta minha visita em conjunto com o colega Filipe Santos, levou-nos uma vez mais à exclamação que usamos frequentemente quando visitamos locais como estes (HOOO!), mas desta vez tivemos um “encontro imediato” com uma habitante de um pequeno canto na fábrica que talvez pelo medo de não nos conhecer ou por vergonha, não nos dirigiu qualquer palavra em resposta aos nossos “Boa tarde” e “Desculpe”. Nós continuámos a nossa exploração e ela continuou na sua leitura e mais tarde abandonou o edifício.
À saída, o encontro foi com alguém que se segurava num garrote como quem vê a vida a fugir-lhe por um fio. Mas vamos as fotos…

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Fascinam-me estes locais que têm tanta história para nos contar!

4 comentários

  1. Parabéns, Pedro, as fotos estão fantásticas! Não sei se é por ser um local cujas memórias ainda não estão assim tão longínquas quanto isso (e pelas histórias que contaram sobre os novos habitantes), mas esta foi das minhas sessões favoritas até agora. Continuem, rapazes! 🙂

  2. Ricardo Alves on

    Adorei ver as fotos! Muito bom!
    Gosto muito da loiça de Coimbra e é uma pena as coisas terem chegado a esse ponto, especialmente uma fábrica que levava o nome de Portugal além fronteiras. A globalização é assim, em nome do capital.
    Acho muito mais interessante a loiça de Coimbra do que a da Vista Alegre. Pena ter acabado assim e eu cá não me teria vindo embora sem encher uns sacos de loiça, só de pensar que vai acabar partida e vandalizada…

    Obrigado
    RIcardo

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