Descrição
Caís e edifícios envolventes
Tipologia
Armazéns de comércio, actividades marítimas e fabris
Localização
Cacilhas, Almada.
Data da Visita
21/04/2019
Utilização Inicial
Comércio marítimo
Notas Históricas
Construído em 1860 por imposição da Câmara de Almada que ordenou que quem comprasse os lotes de terreno,tinha de construir à frente uma parcela de caís, o Caís do Ginjal foi um sítio de grande importância económica, onde além de ser permitido pescar, atracavam bastantes embarcações, fossem elas de pesca ou de transporte de mercadorias, os edifícios hoje em ruínas, eram na altura armazéns de apoio à frota bacalhoeira, armazenamento de vinho, azeite e vinagre, além de fábricas de conservas de peixe, e sítios mais sociais, como tabernas. Foram décadas, em que a principal via de comércio era a marítima e assim o caís justificava a sua grande importância.
No entanto, com a inauguração da Ponte 25 de Abril (então, Ponte Salazar) em 1966 e anos mais tarde após a descolonização, o comércio marítimo teve uma grande queda, e com isso o Caís do Ginjal, pois muito do que lá era armazenado era para levar para as antigas colónias, e a via marítima passou a ser secundária face à emergente via rodoviária, deixando assim de fazer sentido transportar mercadorias ao longo do rio, mesmo a nível interno.
Após o 25 de Abril, a zona envolvente entrou em decadência, perdendo a importância económica que tinha e com isso, perdendo também a vida, ficando grande parte dos edifícios ao abandono, à mercê da degradação e da vandalização que se vê até aos dias de hoje, estando muito poucos edifícios operacionais.
Percorrendo todo o paredão do Caís do Ginjal, é possível chegar à Quinta de Arealva, edificada em 1757 por um irlandês produtor de vinhos João O’Neill, nos dias de hoje, apenas sobram as paredes, sendo que também já houve pelo menos um incêndio a contribuir para a degradação do lugar. Adicionalmente, “Domingos Afonso era o proprietário da Quinta da Arealva em 1861, dividindo com os Paliarte toda a área entre a Arealva e o Olho de Boi. Durante o reinado de D. Pedro II construiu-se, no local, o Forte da Fonte da Pipa, abandonado no último quartel do século XVIII, época em que se edificaram alguns edifícios pombalinos de proprietários vinícolas do Ginjal. A Quinta de Arealva albergou uma das maiores indústrias de tanoaria do concelho desde o século XVIII, tendo todo este espaço, até um passado muito recente, pertencido à Sociedade Vinícola Sul de Portugal, empresa armazenista de vinhos.” in www.m-almda.pt.
Nos dias de hoje, o investimento para o Turismo é a última esperança destes lugares, e é verdade, que Cacilhas neste momento está mais turística do que há 20/25 anos atrás, e prova disso é, além do próprio fluxo de turistas, a requalificação do Jardim do Rio, o qual é possível aceder percorrendo o Caís do Ginjal ou então, pela zona antiga de Almada e descendo no Elevador da Boca do Vento, que é uma excelente oportunidade para ter uma vista panorâmica sobre alguns sítios emblemáticos de Lisboa, que está mesmo ali à frente!
Essa requalificação foi sem dúvida um pequeno passo no longo caminho que esta zona tem a percorrer, e a verdade é que bem podem haver planos, mas não havendo dinheiro…nunca irão passar disso mesmo…e assim, a degradação irá continuar, esperando apenas que nunca aconteça algo grave às centenas de pessoas que vão visitando estes sítios!