Fábrica de Fitas e Fiação de Algodão A. C. Cunha e Morais – CRESTUMA

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Descrição

Já algum tempo que ambicionava fazer uma deslocação a Crestuma, vila situada na margem do Rio Douro, junto à Barragem denominada Crestuma – Lever, que fica a cerca de 30 km do Porto. A minha intenção era fotografar uma grande unidade fabril – A Fábrica de Fitas e Fiação de Algodão – A. C. da Cunha e Morais.

Já nas proximidades da vila foi possível identificar à distância a enorme estrutura desta fábrica que sobressaía do casario que compõe esta vila. O acesso às suas instalações não foi fácil mas com a ajuda de um morador local que,  por coincidência, tinha sido um antigo trabalhador, lá consegui aceder ao referido espaço. Devido ao estado degradado dos edifícios, por uma questão de segurança não acedi, nem tentei, subir aos andares superiores, conforme foi sugerido pela referida pessoa.

Ao longo destes anos a pilhagem e a malvadez de quem por lá passou tornou alguns espaços antros de sujidade e de perigosidade, prejudicando, assim, todo o espólio e trabalho fotográfico. De qualquer forma foi possível aceder a alguns locais os quais poderão dar uma ideia da grandeza desta Fábrica que, certamente empregou centenas de operários,  permitindo que a Vila de Crestuma se desenvolvesse económicamente junto à margem do Rio Douro.

Tipologia
Fábrica

Localização
Crestuma – Vila Nova de Gaia

Data da Visita
10-06-2014

Utilização Inicial
Fabril

Notas Históricas

Desde o século XVII que Crestuma era vista como um local densamente industrial povoado por grandes fábricas, sobretudo na área do ferro, fiação, algodão e tecelagem sobressaindo, deste modo, no panorama do desenvolvimento económico nacional.

A história desta fábrica que remonta ao ano de 1790, inicia-se com a Fábrica de Verguinha e Arcos de Ferro de Crestuma, unidade que pertencia á Companhia Geral de Agricultura das Vinhas do Alto Douro. Esta fábrica destinava-se a apoiar a indústria agrícola, ali se fabricavam essencialmente arcos de ferro para as pipas e toneis, sabe-se também que a fundição produziu máquinas para outras indústrias. Em 1825, empregava cerca de 40 trabalhadores e era uma fundição equipada com a mais alta tecnologia à época. Mais tarde, e num cenário sócio-económico de crise, as dívidas desta empresa acumularam-se e a fábrica foi vendida, dando depois lugar ao aparecimentos de fábricas de fiação, sendo uma delas a que estamos aqui a referir.

A Fábrica de Fitas e Fiação de Algodão de A. C. da Cunha e Morais,  não era uma simples fábrica, pois incluía também um grande terreno denominado a Quinta da Estrela onde se construiu magníficas residências para os engenheiros e seus familiares. Augusto César, sendo uma pessoa de grande poder económico em Crestuma e no Porto, possibilitou igualmente a construção da Igreja de Crestuma e de várias casas para os seus trabalhadores. Por outro lado, o desenvolvimento da indústria de fiação e algodão abriu as portas ao estudo e à criação de novas máquinas industrias mundialmente conhecidas.

Um outro acontecimento de relevo aconteceu naquela altura, foi o facto de se ter construído,  para uso desta fábrica,  um dos primeiros posto de transformação (PT) em Gaia que, mais tarde, levaria ao fim da utilização dos rios e riachos e ao início da utilização da electricidade para fins industriais

E agora as fotos…

 

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Acerca do Autor

Dar a conhecer o que está esquecido, abandonado e muitas das vezes em ruínas, de estruturas que muito contribuíram para o desenvolvimento do nosso país, foi sempre um dos meus desejos. Aliando esse facto ao gosto que tenho pela fotografia, encontrei nos Caça Devolutos um pequeno espaço que me permite mostrar e historiar um pouco algumas dessas ruínas, muitas delas bem às portas das nossas casas.

9 comentários

  1. Boa tarde; um pouco mais de rigor histórico. Está a confundir a Fábrica de Fiação de Crestuma, com a Fábrica A. C. da Cunha Morais

    • Boa tarde Sr. Francisco

      Agradeço o seu comentário sobre este trabalho. No entanto, conforme pode ver pelos documentos abandonados que fotografei, trata-se efectivamente da Fábrica de Fitas e Fiação de Algodão – AC Cunha e Morais. Existe, um pouco mais acima deste local, uma outra grande unidade fabril abandonada com a sigla C.F.C (Companhia de Fiação de Crestuma). Penso, mais tarde, lá voltar para tentar fotografar e historiar, se possível, esta estrutura.

      Cps

    • Meu caro; este texto nada tem a ver com a fabrica A. C. da Cunha Morais, mas sim com a fabrica de Crestuma, que como disse fica mais para cima.

      «A história desta fábrica que remonta ao ano de 1790, inicia-se com a Fábrica de Verguinha e Arcos de Ferro de Crestuma, unidade que pertencia á Companhia Geral de Agricultura das Vinhas do Alto Douro. Esta fábrica destinava-se a apoiar a indústria agrícola, ali se fabricavam essencialmente arcos de ferro para as pipas e toneis, sabe-se também que a fundição produziu máquinas para outras indústrias. Em 1825, empregava cerca de 40 trabalhadores e era uma fundição equipada com a mais alta tecnologia à época. Mais tarde, e num cenário sócio-económico de crise, as dívidas desta empresa acumularam-se e a fábrica foi vendida, dando depois lugar ao aparecimentos de fábricas de fiação, sendo uma delas a que estamos aqui a referir.»

      Cumprimentos
      Francisco

  2. Por las fotos que veo (básicamente la planta baja del edificio principal y poco más) veo que también te pilló el vigilante verdad? Yo fui antes de esa fecha y vi más o menos lo que tu, me quedé con ganas de entrar al palacete y los edificios que hay más arriba.

    • Olá Rafa616

      Obrigado pelo comentário. Quando visitei esta Fábrica não encontrei qualquer vigilante, mas no acesso fui ajudado por um antigo trabalhador. Quanto aos edifícios e palacete que se encontram mais acima, não foi possível visitar porque já se encontram vendidos.

      Cps

  3. Boa tarde. Gostava de saber se, porventura, fotografou alguma vez a Fábrica de Tecidos da Balsa, em Sobrado, Valongo, uma antiga fábrica junto ao rio Ferreira, hoje nossa propriedade e que foi construída por volta de 1870. No Inverno, as turbinas eram accionadas pela força motriz gerada pela queda de água de um canal desviado do rio Ferreira, ainda existente; quando não havia caudal suficiente, recorriam ao vapor da caldeira, existindo ainda hoje a “chaminé”. Embora nenhuma maquinaria exista hoje, é ainda notável a estrutura em ferro trabalhado que suporta ainda hoje o telhado. O piso é elevado por meio de “moutões” de granito, onde assentam as vigas que suportam o soalho em madeira (ainda existente em parte). Tem uma capela dedicada ao padroeiro Santo António, aberta ao culto religioso, onde se celebra missa para o povo do lugar da Balsa todos os meses. Por altura do dia de Santo António, 13 de junho, o povo organiza grandes festividades, com noitada, ranchos, grupos de artistas musicais conhecidos, marchas e foguetes.
    Por baixo do soalho podem ainda observar-se os canais que, de outra conduta, distribuíam a água, também do rio Ferreira por diversos pontos, com finalidades diversas.

    Se pretender fotografar, queira, por favor entrar em contacto connosco.
    Melhores cumprimentos e ao dispor
    José Manuel Monteiro da Rocha (917511780 – monteiro.rocha1@gmail.com)

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