Os Caça Devolutos continuam a dar especial interesse à Estância Sanatorial do Caramulo e com isso vimos dar-vos a conhecer mais um dos edifícios que constituíram este parque sanatorial.
Antes de nos debruçarmos sobre o Pavilhão de Cirurgia, gostaríamos de agradecer o convite do realizador Hugo Dinis Neves para a estreia do seu documentário “Aldeia dos Tísicos” (http://aldeiadostisicos.pt) e pela sua simpatia. Este documentário retrata o lado humano de quem viveu de perto a realidade de então.
Os sanatórios do Caramulo, fundados em 1920, foram imprescindíveis para o combate à tuberculose chegando a ser a maior e a mais importante estância da Europa com o seus 19 edifícios, entre sanatórios e casa de repouso.
Chegaram a viver mais de 2500 pessoas nesta região sob dolorosos tratamentos que envolviam perfurações nos pulmões com agulhas grossas e silêncio absoluto obrigatório. “A cura”, como era conhecida pelos doentes, consistia em permanecerem alinhados, deitados numa espécie de espreguiçadeiras, colocadas nas varandas, dos agora devolutos sanatórios, a apanhar o sol e os bons ares da serra do Caramulo. Permaneciam imóveis, em silêncio e sem a permissão para qualquer atividade por mais simples que fosse. A falta de conhecimento fazia com que estas pequenas “torturas” fossem necessárias para a recuperação dos pacientes.
Entretanto começaram a aparecer os primeiros fármacos contra a enfermidade e estas unidades começaram a tornar-se obsoletas assim como os seus métodos.
Alguns dos edifícios continuam ativos como hotéis, lares e casas de repouso, outros, como é o caso do Pavilhão de Cirurgia, permanecem devolutos e sem perspectiva de futura (re)ocupação.
O Pavilhão de Cirurgia foi construído como um complemento ao Sanatório Jerónimo Lacerda (irá ter referência futura neste espaço) e hoje está à venda como se pode ver pelas fotografias. No local ainda permanece alguma maquinaria utilizada para o diagnóstico e tratamento da doença, um edifício imponente que mantém, de forma moribunda, a memória de quem por lá passou.
5 comentários
Ótima reportagem, como de costume, sobre um edifício carregado de história. Pergunta: Sabem onde posso arranjar o filme “Aldeia dos Tísicos”? Estou farto de procurar e só encontro o trailler! Adorava ter tido a oportunidade, tal como voces, de ter visto o filme no auditório do Grande Sanatório! Parabéns pelo excelente registo! Continuem a caçar devolutos que o pessoal agradece… 😉 Cumps,
Olá Mikos,
Obrigado pelo comentário, é sempre bom receber feedback destas nossas explorações.
Quanto ao filme realmente penso que não se encontra online. Sei que havia uma espécie de resumo no site da SIC. O filme foi transmitido na Grande Reportagem do Jornal da Noite da estação, mas pela minha pesquisa também não dei com ele no site. Possívelmente não estará disponível ao público em geral ainda. No entanto posso dizer que o documentário é bastante interessante e mostra-nos todo o saudosismo das pessoas que viveram os sanatórios como uma realidade nas suas vidas. Recomendo.
Mais uma vez obrigado pelas palavras! 🙂
Este edifício a que foi dado o nome de “Pavilhão de Cirurgia”, segundo uns periódicos lançados no final da década de 1930 (1938 e 1939), chamava-se inicialmente “Novo Sanatório”.
Boa noite! Estou a procura das plantas do projeto de arquitectura deste sanatório. Por acaso alguém sabe onde posso encontrá-las? Os nomes dos sanatório mudam muito no registo, ficando a busca muito difícil. Seria possível ter acesso aos periódicos da época?
Parabéns pelo registo fotográfico do Pavilhão de Cirurgia. Revivi em cada foto o tempo que estive como doente naquele edifício (1974)e recordo perfeitamente cada foto. Gostaria de ter estado na apresentação do filme “Aldeia dos Tisicos” assim como conseguir uma cópia do documentário. Associo ao edifício o meu médico, Dr. Trajano Pinheiro (faleceu em Dez 2006). Grande médico cirurgião e grande HOMEM. Muitas recordações com 40 anos. Obrigado e cumprimentos. Carlos Ribeiro