Termas do Bicanho

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Decidimos desta vez ir investigar umas termas pelas quais já tinhamos passado aquando da visita às Termas da Amieira. Que como podem verificar no mapa ficam muito próximas uma da outra.

Devo dizer que foi uma visita curiosa… Pois no interior do que foi em tempos o hotel das termas pode-se ver o que parece ser sinal de macumbas ou algo do género! 😛 Mas nada que pare os Caçadores de Devolutos… 🙂


Conseguimos obter informação bastante útil através do site: http://www.aguas.ics.ul.pt/ que diz que toda a informação remonta a 2002

Instalações/ património construído e ambiental

Com 3 emergências de água, sendo explorada uma. A captagem faz-se num poço com 2m de profundidade, aberto do calcário, dele sai a canalização de distribuição para o balneário (Anuário, 1963).
Do lado esquerdo da estrada uma propriedade murada com cerca de ½ hectare. Defronte do portão forma-se uma curta alameda tendo ao fundo o edifício do balneário, construção dos anos 70, tendo ao lado um tanque semi coberto, local da possível emergência de água. Do lado esquerdo da entrada um armazém seguido de uma construção tipo vivenda de emigrante, com paredes em cimento ainda não pintadas. Do lado direito dois grandes armazéns, o primeiro em estado de ruína, seguido de uma correnteza de casas de aluguer de quartos, também em estado de ruína.
Do lado direito da estrada, encontram-se vários edifícios em estado avançado de ruína, o antigo hotel de 3 pisos, casas de aluguer, assim como um grande armazém.

Dentro da parte murada todas as construções em bom estado de conservação encontram-se bem fechadas, mesmo bem conservadas, no entanto parecem não utilizadas e só ocasionalmente visitadas. Segundo informação da proprietária das termas da Azenha, todos estes armazéns são de ferragens.

Historial

Tavares (1810) ao descrever as nascentes do Pranto (Banhos da Azenha) menciona: “Na raiz do dito monte do Bicanho há ainda outras semelhantes origens, que também fornecem a quantidade necessária para banhos, que tomão os enfermos dentro de barracas ou cabanas que formam de ramos de árvores…” (87).
Lopes (1892) enumera num capítulo sobre Soure as nascentes do Bicanho, da Azenha e da Vinha da Rainha a “1km de Bicanho”: “…ao norte e na raiz do monte Bicanho, única cuja água de 32º a 34º é aproveitada num estabelecimento balnear muito frequentada na estação própria” (371). Desse estabelecimento balnear no final do séc. XIX, não fez descrição, mas é de crer que fosse bastante primitivo, pois Acciaiuoli (1944, III, 70), informa-nos que as análises feita por C.Lepierre em 1894, foi repetida 16 anos depois “ da beneficiação da captação de água e do estabelecimento termal
Lepierre repete as análises em 1922, mantendo-se as características mineralógicas desta água cloretada sódica, bicarbonatada, levemente sulfatada e litínicas, com um caudal diário 448.920 litros /dia, sendo a temperatura de 28º, mais baixa que a referida por Lopes.
Mendonça (1926) no seu Relatório de reconhecimento afirmou que estas águas eram aproveitadas há cerca de dois séculos, no local existia um balneário, mas não havia alojamentos (cit.  Acciaiuoli,1944, III, 71).
Le Portugal Hydrologique et Climatique(1934-5,III, 608) refere-se a este balneário, com 8 cabines de 1ª classe, 18 de 2ª e 8 de 3ª classe, todas para banhos de imersão, não havendo qualquer tipo de hospedagem.
Nos relatórios de inspecção da década de 30 e 40, Acciaiuoli deu como valores de frequência anual em volta de 300 aquista, sobretudo procurada para a cura de dermatoses. Também o banho da véspera de S. João e S. Pedro era prática habitual nestas termas. No Relatório referente ao ano de 1940, tinham sido dados nessas noites 464 banhos.
Em 1944 esta água foi novamente analisada por Herculano de Carvalho onde é remarcada a constância das suas características mineralógicas.
Os banhos de S. João são novamente referidos no Anuário (1963), marcado o início da época balnear, mas isento de inscrição médica. Esta publicação dá-nos como data de fundação do balneário 1911, da descrição do seu interior poucas mudanças tinha havido, concluído: “Trata-se dum balneário modesto de tipo rural”.

Actualmente todo o conjunto construído não serve como termas, é antes utilizado como armazéns de ferragens e similares.

Agora termino com as habituais fotografias do espaço! 🙂

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Acerca do Autor

Será sempre o abandono desprezível, feio e inútil? A minha resposta é despida de "floreados"como o próprio abandono, NÃO! Uma sociedade completamente obcecada com o progresso e desenvolvimento, faz com que os lugares por nós visitados não estejam somente ao abandono, mas também esquecidos. Partilho com os meus amigos o prazer pela fotografia e pela descoberta de novos pontos de interesse que por uma razão ou outra foram lentamente deixados à mercê do tempo. Esse que nunca pára! O objectivo? Fazer com que espaços com história não caiam no esquecimento para sempre e que de alguma forma dê a conhecer um pouco das suas histórias enquanto activos.

7 comentários

    • Pois está! E bem avançado!
      Por acaso alguém está a par de a quem pertence essa obra? Já ouvi dizer que pertencia a um investidor emigrante, mas também já ouvi dizer que o espaço foi adquirido por um Hotel ou Cadeia Hoteleira dos lados de Óbidos.
      Isto, nas aldeias, conta-se um conto e acrescenta-se-lhe um ponto…
      Numa pesquisa Web também não surge nada (site próprio, ou outro).
      Mas a obra avança a passos largos, isso é certo.

      • Pela placa informativa disposta no local, é responsável pela obra uma empresa chamada Gumerbeira – Desenvolvimento Turístico e Imobiliário, S.A. Alguém disse que pertencia à Sonae, mas aí já nao sei. A obra está orçada em 8.586.228,96 €, já incluindo 3.695.560,- € comparticipaçao do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional. E sim, a obra já está muito avançada.

  1. Nuno Rodrigo de Meirelles e Vasconcellos Chaves de Almeida on

    As termas do Bicanho pertençeram à minha família.

    A minha avó materna ,minha bisavó e as minhas duas tiasavós foram as últimas a lá viver.

  2. Nuno Rodrigo de Meirelles e Vasconcellos Chaves de Almeida on

    As termas do Bicanho pertençeram à minha família.

    A minha avó materna ,minha bisavó e as minhas duas tias avós foram as últimas a lá viver.

  3. Álvaro Cordeiro on

    Quando visito a minha terra, PEDRÓGÃO DO PRANTO, circulo na zona do Bicanho e até já parei para observar o estado de abandono, de umas termas, que nos anos da decada de 1950, eram visitadas por turistas nacionais, vindos do Minho! Os proprietários eram umas famílias com cognome “os rascões”.Lembro-me perfeitamente dessa pessoas. Hoje estão lá holandeses a fazer não sei o quê! É pena, porque com hotel novo agora na periferia, se estivessem as termas ativas, haveria procura concerteza, principalmente naturais do Pedrógão do Pranto, apesar de estar desviado há 60 anos da minha saudosa aldeia.
    Cumpts,

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